Governo de Sergipe investe em assistência e tecnologia para estimular cadeia leiteira

Sergipe produz diariamente uma média de 1,5 milhão de litros de leite; na proporção vaca/leite/ano, o estado tem a segunda maior produtividade leiteira do Brasil e está na 2ª posição do Nordeste no ranking de aquisição e industrialização de leite cru

Joseane Costa mora em Nossa Senhora da Glória, na região do alto sertão de Sergipe, é empreendedora do ramo de laticínios e proprietária da queijaria Fazenda Nova há nove anos. Ela também preside a Associação Sertaneja de Queijeiros Sertão Forte, por meio da qual vem pleiteando melhorias para os trabalhadores do setor. Segundo Joseane, os produtores e comerciantes vêm percebendo uma maior abertura na relação com o Governo do Estado, assim como tem identificado ações reais para incentivo à cadeia leiteira.

“A gente tem sido mais ouvido, a Seagri [Secretaria de Estado da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Pesca] está de portas abertas para a gente. A regularização das queijarias é uma proposta do governador Fábio Mitidieri, que vai nos dar a possibilidade de avançar. As licenças, por exemplo, eram um processo muito burocrático, e hoje não são mais empecilho”, defende.

O produtor Alisson Coutinho tem 37 anos e trabalha com gado há cerca de 30, desde a infância. Produzindo em média 2.400 litros de leite por mês, Alisson considera que o Governo de Sergipe tem dado um grande suporte à cadeia do leite no estado. “O governo tem feito muitas ações para a gente. Tem o plantio da palma forrageira, que aguenta muito quando chega a seca. Tem também o Mão Amiga, que a gente usa para deixar o rebanho vacinado e prevenir doenças. Enfim, o governo está atento e ajudando a gente”, realça.

Para o produtor Ueliton Dantas, do município de Monte Alegre, as ações do governo voltadas à produção leiteira são um grande acréscimo ao desenvolvimento regional. “Trabalho com gado a vida inteira, sempre produzindo leite. Atualmente, parte da produção é destinada ao governo, que faz a distribuição por meio das prefeituras para a população mais carente. Ações que partem do governo são de suma importância, pois é por intermédio delas que os produtores vêm melhorando as condições de vida no alto sertão”, opina.

As trajetórias de Joseane, Alisson e Ueliton têm em comum o suporte da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), que oferece assistência técnica aos trabalhadores do campo de todo o estado. Para os três, as visitas e o diálogo com os profissionais da Emdagro fazem parte do seu cotidiano, com o acompanhamento da produção em todos os seus estágios.

Produtividade leiteira

Na proporção vaca/leite/ano, Sergipe tem a segunda maior produtividade leiteira do Brasil. O estado também é o décimo no país e segundo no Nordeste no ranking de aquisição e industrialização de leite cru, considerando o quarto trimestre de 2022. Foram mais de 105 milhões de litros de leite adquiridos no período, o que equivale a uma alta de 8,8 milhões em relação ao terceiro trimestre e de 22,4 milhões de litros em relação ao mesmo período do ano anterior.

Os dados são confirmados pelo Perfil da Agropecuária Sergipana, publicado pelo Observatório de Sergipe, e dão conta de que o estado foi responsável pelo crescimento de 28% na produção do Nordeste no período. Esta alta produtividade, inclusive, vai na contramão da tendência nacional, que sofreu recuo em 2022.

Junto a Alagoas e Pernambuco, Sergipe compõe a região identificada como ‘Sealpe’, responsável pela captação de cerca de 750 milhões de litros de leite em 2022. Este volume representa um crescimento de 15% em relação ao ano anterior, além de somar quase metade do total entregue pelo Nordeste no ano passado.

Sergipe produz diariamente uma média de 1,5 milhão de litros de leite, considerando indústrias certificadas pelo Serviço de Inspeção Agroindustrial, Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal no Estado de Sergipe (SIE/SE). “A estimativa, considerando dados não oficiais, é de que essa produção seja de 1,8 milhão a 2 milhões de litros por dia. A maior parte é produzida por pequenos e médios produtores, que contam com total assistência de nossos técnicos”, explica o presidente da Emdagro, Gilson dos Anjos.

Segundo dados de 2022, o tamanho do rebanho sergipano é de 1,2 milhão de cabeças de gado. Neste número está incluso gado de leite e de corte, entre bovinos e bubalinos. O principal destaque é a região do alto sertão, cujos resultados são referência para todo o Brasil. Nesse contexto, o município de Poço Redondo apresenta relevantes saldos.

“Dos 280 mil litros de leite produzidos diariamente em Poço Redondo, 250 mil são provenientes da comunidade de Santa Rosa do Ermírio, que possui 15.800 vacas leiteiras. Em um torneio leiteiro realizado recentemente no município, uma vaca de Santa Rosa produziu 85 litros em um só dia. A média diária nacional, só para que se tenha uma ideia, é de 3,7 litros por dia por vaca”, relata.

Adutora do leite

Uma das medidas do Governo de Sergipe que estão em curso para beneficiar a região da bacia leiteira é a construção da adutora do alto sertão, com investimento estimado em R$ 50 milhões. A adutora vai levar água do Rio São Francisco até Santa Rosa do Ermírio, com construção de pequenas barragens ao longo do caminho e uma grande barragem em Santa Rosa. A expectativa é duplicar a quantidade de leite da região que envolve os municípios de Canindé do São Francisco e Poço Redondo.

“A adutora é uma reivindicação antiga na região de Santa Rosa, que tem uma necessidade urgente de água. Com a adutora, essa demanda será sanada. A perspectiva é de que os 250 mil litros de leite produzidos diariamente na comunidade cheguem aos 500 mil. E aumento na produção significa geração emprego e renda”, pontua Gilson.

Para subsidiar e fomentar o segmento, o governo também vem se dedicando a oferecer crédito aos criadores de gado. Além do atendimento nas agências, as equipes do Banese + Agro têm visitado produtores para identificar e resolver demandas, disponibilizando serviços e financiamento de insumos e equipamentos.

Certificação nacional

Outra conquista recente para Sergipe, que vem garantindo a projeção dos laticínios locais para fora do estado, é a ampliação do escopo da certificação do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-POA). Até o ano passado, apenas carnes e seus derivados contavam com o selo em Sergipe, podendo ser comercializados em todo o Brasil. Agora, essa permissão é válida também para os produtos derivados do leite.

“Até o momento, duas indústrias já estão certificadas com o Sisbi-POA, ambas de Nossa Senhora da Glória. Com isso, laticínios sergipanos já estão nas vitrines de outros estados. Também temos nove indústrias certificadas com o SIE. Tudo isso significa perspectiva de crescimento econômico, de mais dinheiro circulando dentro do estado e de evolução do pequeno e médio produtor”, salienta.

Ainda segundo Gilson dos Anjos, o incentivo à cadeia leiteira vem contribuindo também para o desenvolvimento social e cultural no estado. “Temos visto a fixação de famílias produtoras de leite no campo. Antigamente, víamos os filhos dos produtores saindo de seus locais de origem e indo para os grandes centros. Agora, vemos as novas gerações querendo cuidar dos rebanhos e da produção iniciada por seus pais e avós, com orgulho”, destaca.

Políticas

Mais uma política voltada ao fomento da cadeia leiteira é a regularização das queijarias. Nesse sentido, o objetivo do Governo de Sergipe é assegurar que todos os empreendimentos cumpram os requisitos técnicos determinados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. “Atualmente, 52 pedidos de regularização estão em curso, sendo que há mais de 200 queijarias em todo o estado. Esta é uma prioridade para a gestão, e, por isso, estamos nos empenhando em dar o máximo de celeridade a esse processo”, frisa Gilson.

O governo também vem investindo no fortalecimento do quadro funcional da Emdagro. Prova disso é o concurso público para seleção de dez agrônomos, dez veterinários e 35 técnicos, cuja prova será realizada no próximo dia 16. “Todos esses profissionais irão trabalhar na assistência técnica e na extensão rural. São profissionais com grande expertise na área agrícola e pecuária”, ressalta.

O programa Mão Amiga Pró Sertão Bacia Leiteira também faz parte do leque de políticas do Governo de Sergipe em prol do setor. São 2.747 beneficiários nos municípios de Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora de Lourdes, Monte Alegre, Gararu, Porto da Folha, Poço Redondo e Canindé de São Francisco. “O Mão Amiga Bacia Leiteira consiste no pagamento de quatro parcelas de R$ 250,00 no período de entressafra, para que os pequenos produtores do estado não passem necessidade”, reforça.

Até o fim de abril, 115 toneladas de sementes de milho certificadas serão doadas aos criadores de gado pelo Governo de Sergipe. As sementes, fruto de um investimento de R$ 1,5 milhão, devem servir de alimento para o rebanho. Também serão distribuídas raquetes de palma, que irão ajudar a constituir um banco de alimentação para o verão. Cerca de R$ 100 mil foram investidos pelo governo para a destinação da palma.

Saúde do rebanho

Outros investimentos vêm sendo direcionados ao melhoramento genético do gado sergipano, por meio do processo de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF). “Estamos trabalhando com pequenos produtores para melhorar a qualidade e produtividade do gado. A expectativa é que, ao final de quatro anos, 12 mil vacas sejam inseminadas”, contabiliza Gilson dos Anjos.

A atenção aos rebanhos também compreende o incentivo à vacinação das bezerras entre três e oito meses contra a brucelose. “O animal com brucelose não pode parir e, logo, não dá leite. Mas basta tomar a vacina uma vez, pois ela é válida por toda a vida do animal. O governo oferece a vacinação aos criadores com até 20 cabeças, e a perspectiva é de que consigamos vacinar até 10 mil animais”, indica.

O secretário de Estado da Agricultura, Zeca Ramos da Silva, destaca a abrangência das ações do governo voltadas à pecuária leiteira. “A cadeia produtiva do leite tem recebido investimentos do Governo do Estado no melhoramento genético, na assistência técnica e na disponibilização de insumos, entre outros. O governo também apoia o escoamento da produção com o PAA Leite, em parceria com o Governo Federal. São iniciativas que apoiam desde a porteira até o consumidor”, conclui.

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