Fórum de Povos e Comunidades Tradicionais de Sergipe realiza Feira para denunciar os impactos da indústria do petróleo

  • Por Priscila Viana

Nos dias 16 e 17 de dezembro, o Fórum de Povos e Comunidades Tradicionais de Sergipe realizará sua 1ª Feira, em Aracaju/SE. O evento acontecerá na comunidade quilombola Maloca, localizada no bairro Getúlio Vargas, e contará com a participação de agricultoras/es, artesã/ãos, marisqueiras, catadoras de mangaba e pescadoras/es artesanais de 60 comunidades distribuídas em 16 municípios sergipanos.


Entre uma banca e outra, a população encontrará uma boa mostra da diversidade alimentar e cultural de Sergipe: alimentos frescos e beneficiados, bebidas destiladas, artesanatos, biojóias, obras de arte, plantas medicinais, mudas e sementes crioulas, entre outros. Tudo produzido a partir do trabalho cuidadoso de quem respeita os ciclos das terras e das águas, sem veneno e artesanal.


Além dos produtos a serem expostos e comercializados, a Feira também contará com uma rica programação cultural e com rodas de conversa sobre os impactos da indústria da exploração do petróleo nos territórios de vida e as potencialidades dos povos e comunidades tradicionais enquanto modos de vida, de trabalho e de re-existência.


No Tempo da Maré


Chamar a atenção da sociedade civil, organizações, instituições e do Poder Público quanto aos impactos irreversíveis causados pela indústria da exploração de petróleo é um dos objetivos da Feira. A chegada da ExxonMobil ao estado, uma gigante multinacional do petróleo, acendeu o alerta para as ameaças que ela pode trazer. Além da empresa ser conhecida por casos de crimes ambientais e pelo histórico de lentidão de medidas de reparação aos danos causados em outros países, a sua instalação se dá sem as consultas prévias, livres e informadas a que as populações atingidas têm direito.


Esse será o tema da Roda de Conversa “Crise climática, combustíveis fósseis e os territórios de vida dos povos e comunidades tradicionais”, que será realizada na sexta, 16, a partir das 15h, durante a Feira Cultural e Agroecológica. A roda será aberta a toda a sociedade e contará com a presença de representantes da Campanha “No tempo da maré”, conduzida pelo Fórum de Povos e Comunidades Tradicionais de Sergipe; da Campanha “Mar de Luta”, conduzida pelo Conselho Pastoral das Pescadoras e Pescadores (CPP); da Campanha antipetroleira “Nem um poço a mais”; e da ONG 350.org.


E como toda denúncia precede o anúncio da luta e da resistência, no sábado será a vez da Roda de Conversa “Povos e Comunidades Tradicionais e seus territórios de vida”, a partir das 14h30min, que tem como objetivo destacar as riquezas e potencialidades dos povos e comunidades tradicionais na sua lida diária com o trabalho na terra e nas águas, a produção e comercialização de alimentos saudáveis e sem veneno, os talentos artísticos e culturais e tudo o mais que compõe os modos de vida dessas comunidades que são guardiãs do meio ambiente.


A Maloca


O local para a realização da Feira não foi escolhido à toa. A Maloca é a primeira comunidade quilombola urbana de Sergipe - e a segunda do país - a ser certificada pela Fundação Cultural Palmares, em 2007. A comunidade é composta por 91 famílias descendentes de negros escravizados, de acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e se organiza em torno da ONG Criliber – Criança e Liberdade desde 1982.


A Criliber atua com foco na permanência da comunidade em seu território ancestral e na defesa dos direitos das crianças e adolescentes que sofrem violência e discriminação devido a sua cor, raça e etnia através de ações educativas e culturais, como música e dança afrobrasileira. A Maloca abriga o Centro de Criatividade, que há 37 anos tem sido o cenário de diversas expressões artísticas e culturais de Sergipe.


É na rua da Criliber que a Feira será realizada, na Praça Saturnino de Brito. As divulgações relacionadas à Feira poderão ser acompanhadas através do perfil da Campanha “No tempo da maré”, no instagram, através do @no_tempo_da_mare. Além da parceria da ONG Criliber, a Feira conta com o apoio do Fundo Casa.


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