Para que serve uma representação?

Alexandre Guimarães 


Os clubes, quando se sentem prejudicados pela arbitragem, encaminham uma representação para as Federaçoes de futebol, nas competições estaduais, e para Confederação Brasileira, em campeonatos nacionais. É um direito que as suas respectivas diretorias têm e funciona como um instrumento de protesto contra alguma decisão tomada, geralmente pelo arbitro central da partida. A questão é se tal iniciativa provoca, de fato, algum efeito. Caberiam duas perguntas oportunas: Para que serve mesmo a representação? O pênalti,  o gol não validado ou mesmo o gol que deveria ser anulado seriam lances revistos, ao ponto de alterar o resultado do jogo?


A resposta é não, por respeito à legislação vigente que rege a impossibilidade de alterar o placar, após o término da partida. O barulho produzido é tão grande que a sensação é a do jogo poder ser anulado e remarcado. O máximo que ocorrerá é o profissional da arbitragem ser vetado das partidas do clube, autor da representação.  Sinceramente, são iniciativas desnecessárias, que não acrescentam para o futebol.


Esta semana, a diretoria do Club Sportivo Sergipe se sentiu no direito de protocolar uma representação junto à Federação Sergipana de Futebol contra a arbitragem do clássico de sábado no Batistão. O time rubro alega critérios diferentes de marcação utilizados nos lances das duas equipes. No ponto de vista colorado, a sinalização do pênalti em Rafael Vila, lance que originou o gol de empate proletário, e a não marcação de uma penalidade no atacante Paulinho foram equivocadas. Não estou entrando, nem quero entrar no mérito da questão de que o Sergipe está correto ou não. Apenas, trago para uma reflexão o quanto isso produz em termos de  efetividade.


No ano passado, o Confiança utilizou-se deste expediente no campeonato brasileiro e nem por isso deixou de sofrer com os equívocos posteriores da arbitragem. Se fosse por representação, a agremiação do bairro industrial estaria na série B do brasileiro deste ano. O clube azulino, por sinal, foi um dos que lideraram o movimento em defesa da implantação do VAR na segunda divisão nacional, alegando ser vítima das decisões dos árbitros. 


A ideia que paira é a de que a representação contra a arbitragem serve para a diretoria do clube se posicionar diante da sua torcida, uma espécie de ser  solidária aos reclames dos seus torcedores, para deixar as discussões mais acaloradas ou até mesmo para prevalecer a ideia de injustiça sofrida pela instituição - o famoso sentimento da vitimização.

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